segunda-feira, 18 de maio de 2009

Esqueleto do cavalo

É constituído por:/em> Ossos, Articulações e Ligamentos.

Divide-se em:/em> - Esqueleto Axial:
. Crânio
. Esterno
. Coluna Vertebral
. Costelas

Esqueleto Apendicular:/em>
. Membros

Função:/em>
- Suporte
- Protecção

Crânio:/em>
- Occipital - Temporal
- Frontal - Nasal
- Mandibular - Maxilar

Coluna Vertebral:/em>
- 7 Vértebras Cervicais - 18 Vértebras Torácicas ou dorsais
- 6 Vértebras Lombares - 5 Vértebras Sagradas
- 15/21 Vértebras Caudais

Vértebras Cervicais:/em>
- São volumosas e longas, com extremidades hesmiféricas e fossas vertebrais profundas o que provoca a mobilização do pescoço.
- A cabeça articula-se com a primeira vértebra cervical que se denomina por Atlas.

Vértebras Torácicas ou Dorsais:/em>
- Apresentam processos espinhosos muito elevados, principalmente na zona do garrote.
- As 18 vértebras Torácicas estão fixos 18 pares de costelas, das quais as 8 primeiras se articulam entre com o esterno, formando a cavidade Torácica.

Vértebras Lombares:/em>- São caracterizadas por processos transversos muito longos e/ou uniões muito forte nos processos articulares.

Vértebras Sagradas (sacro)(garupa):/em>- As 5 vértebras sagradas estão soldadas e encontram-se intimamente ligadas a anca(osso coxal) por ligamentos fortes.

Vértebras Caudais 15/21:/em>
- São pouco desenvolvidas e muito moveis.

Membros Anteriores:/em>
-Escapula (espádua) - Úmero (braço)
- Rádio e Ulna (ante-braço) - Carpo (joelho)
- Metacarpo (canela) - Falanges
- Ossos Sesamoides

Membros posteriores:/em>
- Coxal(ilium, ispium e púbis)(anca) - Fémur e patela (soldra/coxa)
- Fibula e Tíbia - Tarso (corvilhão)
- Metatarso (canela) - Falanges
- Ossos sesamoides

Identificação de Equinos

A identificação oficial dos cavalos faz-se atravez do resenho/a ou identificação equina.


Resenho:É a enumeração sucinta de determinado caracteres necessários á identificação do cavalo. O resenho deve ser tão perfeito que não induza em erros e tão completo que não permita confusões.
É composto de um gráfico onde se desenha o animal e uma parte descritiva, que descreva a parte gráfica.


Ordem a estabelecer no resenho
é a seguinte:


1º- Nome; 2º- Espécie;
3º- Sexo; 4º- Raça;
5º- Genealogia; 6º- Idade;
7º- Pelagem; 8º- Particularidades de pelagem;
9º- Cicatrizes; 10º- Marcas a fogo;
11º- A descrição faz-se de cima para baixo, de diante
para traz e da esquerda para a direita;



segunda-feira, 11 de maio de 2009

Exame de compra

O exame de um cavalo por parte de um
Médico Veterinário aquando do acto
de compra é um teste pormenorizado e
rigoroso ao qual o animal é submetido
de modo a determinar a aptidão do
cavalo para desempenhar a função
pretendida para o seu futuro dono.
Neste artigo discutem-se algumas
considerações sobre o exame no acto
de compra e explica-se em que
consiste este exame.
Quando um cliente requer um exame
antes do acto de compra, presume-se
que o futuro comprador seleccionou o
cavalo em questão de acordo com os
seus gostos e preferências individuais.
Considerações como cor, tipo, altura,
temperamento e habilidade equestre
devem ser determinadas pelo cliente,
não tendo qualquer ponderação no
exame veterinário. Salvo no caso de
cavaleiros experientes, o futuro
comprador deve procurar a ajuda de
um instrutor ou treinador da sua
confiança, capaz de avaliar a aptidão
equestre do cavalo para a finalidade
pretendida. Se bem que o Médico
Veterinário (MV) poderá ter uma
opinião pessoal, não é da sua
competência profissional avaliar este
assunto no exame de compra. No caso
de cavalos de competição, o
comprador deve averiguar sobre a
performance desportiva do animal, e
principalmente se houve qualquer
interrupção na sua carreira. Em caso
afirmativo devem ser identificadas as
razões para tal interrupção.
Note-se que durante o exame no acto
de compra o MV actua exclusivamente
para o comprador. O comprador é o
cliente, e a relação com o vendedor
deve ser neutra. Espera-se que o
vendedor colabore cordialmente com o
MV, sem qualquer tentativa de
interferência durante o exame clínico.
Porém, há situações em que tanto o
comprador como o vendedor são
clientes do MV em questão. Nestes
casos o MV deve informar o
comprador de que existe uma relação
confidencial com o seu outro cliente
(vendedor), e que o comprador deve
procurar a autorização do vendedor
para o MV revelar a história clínica do
cavalo em questão. Se o vendedor não
der consentimento, o MV, segundo a
ética profissional, não deveria realizar
o exame no acto de compra. Nesta
situação o MV deve aconselhar o seu
cliente (comprador) a requerer que o
exame no acto de compra seja
realizado por outro colega da sua
confiança, que não tenha qualquer
relação profissional com o vendedor.
No entanto, tal comportamento vai
naturalmente levar o comprador a
chegar a óbvias conclusões sobre a
história clínica do cavalo. A não ser
que seja dada uma boa justificação, é
razoável deduzir que o vendedor
pretende esconder algo que possa
potencialmente afectar o acto de
compra.
Antes de realizar o exame, é
importante que o MV tenha uma
conversa com o seu cliente sobre o
animal a ser examinado. Devem ser
discutidos assuntos como a finalidade
do cavalo e quaisquer taras ou defeitos
que o comprador tenha notado no
animal. Tanto o comprador como o
vendedor devem ter conhecimento do
que consiste o exame veterinário no
acto de compra de modo a serem
encontradas as condições necessárias
para o decorrer do exame sem
percalços. Ambas as partes devem ser
informadas que um exame rigoroso
desta natureza demora normalmente
entre hora e meia a duas horas; que o
cavalo vai ter de ser observado
montado por um cavaleiro experiente e
que, em termos de instalações, é
necessário poder pôr o cavalo num
recinto escuro para realizar o exame
dos olhos (com oftalmoscópio); ter
acesso a uma superfície firme para
observar o animal em andamento,
exemplos comuns são um pátio de
alcatrão, cimento ou tijolos, ou em
muitos casos, o parque de
estacionamento. Além disso é
necessário o acesso a um picadeiro ou
pista de dimensões razoáveis para
desempenhar o tipo de trabalho ao qual
o animal é destinado.
As fases do exame veterinário variam
de região para região, e naturalmente,
de veterinário para veterinário. No
entanto, fazia sentido se todos os
médicos veterinários se acordassem
sobre um exame metódico e
sistemático, de forma a que o exame
no acto de compra fosse comparável
em todas as partes do mundo. Este
conceito tem recebido bastante
importância no Reino Unido e a
Associação Britânica de Veterinários
Equinos (BEVA) juntamente com a
entidade oficial reguladora dos
Médicos Veterinários (RCVS),
equivalente à ordem dos Médicos
Veterinários, estabeleceram um
protocolo para o exame veterinário de
um cavalo no acto de compra. Este
protocolo consiste em cinco fases
fundamentais, que descrevemos a
seguir sucintamente:
Fase1 consiste num exame clínico
rigoroso do cavalo em repouso. Nesta
fase ausculta-se o coração e sistema
respiratório, examinam-se os olhos
incluindo o uso do oftalmoscópio,
palpam-se todas as regiões do corpo,
desde a face até à cauda, com
particular ênfase nos membros e
articulações. A boca e dentes devem
ser devidamente examinados com a
aplicação de um abre-bocas que
permita a avaliação de todos os
molares e pré-molares. A determinação
da idade de um cavalo através do
gastamento dos dentes torna-se
inexacta a partir dos 6 anos de idade;
pelo que a partir desta idade o MV
poderá apenas dar uma idade
aproximada com um grau de erro que
será tanto maior quanto mais avançada
for a idade real do animal; a não ser
que lhe seja apresentado um
documento oficial com o ano de
nascimento do cavalo (ex. passaporte).
Fase 2 consiste na avaliação dos
aprumos e andamentos do cavalo. O
animal deve ser observado a passo e a
trote. Ao princípio, o animal deve ser
lidado à mão em linha recta numa
superfície firme e regular. É nesta
altura que se executam os testes de
flexão dos membros. De seguida, o
animal deve ser observado à guia, num
círculo relativamente curto, cerca de 5
metros, tanto numa superfície mole
como numa superfície firme e regular.
Fase 3 consiste em observar o cavalo
durante exercício físico intenso.
Pretende-se aqui avaliar a capacidade
do animal em desempenhar a função
pretendida. Dá-se particular atenção
aos sistemas respiratório, circulatório e
músculo-esquelético. À excepção de
poldros por desbastar, ou cavalos
utilizados para atrelagem, o animal
deve ser observado montado por um
cavaleiro experiente, de preferência
habituado ao cavalo em questão. O
animal deve ser trabalhado a passo,
trote e galope até ao limite da sua
capacidade. O dono do animal deve ser
informado do que consiste esta fase e o
seu consentimento deve ser obtido. É
importante que o cavalo esteja cansado
ao fim desta fase, caso contrário não se
pode considerar que foi puxado até ao
limite da sua capacidade. Isto é
particularmente importante no caso de
cavalos usados para competição pois
há muitas doenças ou anomalias que só
são detectáveis quando o cavalo é
submetido a esforços rigorosos e
intensivos; e doutro modo passarão
despercebidas.
Fase 4 consiste num período de
repouso, que tem como objectivo a
avaliação da capacidade de
recuperação do animal. Durante esta
fase, que deve durar cerca de 30
minutos, é costume fazer-se a resenha
do cavalo para que este seja
devidamente identificado no
Certificado Veterinário.
Fase 5 consiste na repetição da
observação dos andamentos do cavalo,
para confirmar a ausência de qualquer
claudicação ligeira que pudesse ter
sido exacerbada pelo exercício intenso.
O cavalo deve ser observado
novamente a passo e a trote numa
superfície firme, tanto em linha recta,
como num pequeno círculo em ambas
as mãos. Se houver dúvidas em relação
a claudicação de algum membro, os
testes de flexão poderão ser repetidos.
No final desta fase, recomenda-se a
aplicação da pinça de cascos para
confirmar a ausência de qualquer sinal
de dor.
Em determinadas circunstancias, este
exame básico é complementado com
exames auxiliares como radiografias
e/ou endoscopia. É prática comum,
para cavalos de competição a partir de
um certo preço, realizar um exame
radiográfico extenso. É fundamental
que as radiografias sejam de boa
qualidade para que a sua interpretação
seja justa. No caso dos membros
anteriores, para visualizar o osso
navicular, é imperativo que as
ferraduras sejam removidas e o casco
limpo. Além dos cascos, as regiões
radiografadas mais frequentemente são
os boletos e os curvilhões; para um
exame mais completo, inclui-se
também as rótulas. Raramente, a
ecografia de tendões pode também ser
aconselhada.
É prática corrente colher uma amostra
de sangue durante o exame veterinário
para, se necessário, em caso de litígio,
analisar para a presença de substâncias
modificadoras de comportamento ou
anti-inflamatórios que possam ter sido
administrados ao cavalo para ocultar
qualquer facto. Este teste, ao revelar a
verdade, pode beneficiar tanto o
comprador como o vendedor. O MV
deve obter autorização do vendedor
para colher a amostra de sangue, o que
geralmente é feito durante a fase 4 –
período de repouso. Uma vez que estes
testes laboratoriais acarretam um custo
elevado, normalmente a amostra de
sangue é armazenada (congelada) por
um período de 6 meses, sendo esta
apenas analisada caso surjam dúvidas,
após a compra, de que o cavalo
pudesse ter estado sobre o efeito de
drogas durante o exame no acto de
compra.
A não ser que o MV conheça o
passado do cavalo, a informação obtida
no exame no acto de compra é baseada
nos sintomas presentes unicamente no
momento do exame. Qualquer doença
que o animal tenha sofrido no passado,
mas recuperado completamente,
poderá passar despercebida, a não ser
que deixe vestígios. De igual modo, se
o cavalo sofrer de qualquer anomalia
intermitente ou sazonal, como por
exemplo alergias da pele ou do foro
respiratório, “abanar a cabeça”, etc;
mas se estas não se manifestarem no
momento do exame clínico, o MV não
pode ser acusado responsável por não
as ter detectado. Por esta razão é
aconselhável ao comprador obter uma
declaração do vendedor, por escrito,
sobre se o cavalo em questão sofreu ou
não de qualquer doença,
nomeadamente cólica, claudicação,
miosite, hemorragia pulmonar ou
qualquer outro problema respiratório;
alergias tipo asma, dermatite estival,
ou “abanar a cabeça”. Deve-se também
indagar sobre a presença de vícios tipo
“engolir ar” (aerofagia), “birra de
urso”, dar coices ou circular na boxe, e
sobre o comportamento do cavalo face
a ferração, tosquia, tráfico, transporte,
se entra bem para o camião ou
atrelado, etc. Se bem que o vendedor
pode omitir a verdade para influenciar
a compra, a presença de um documento
escrito terá um forte valor legal em
caso de conflito.
O exame no acto de compra visa
aconselhar o futuro comprador sobre o
grau de risco envolvido na compra de
determinado cavalo. O MV estima o
grau de risco baseado nas
probabilidades de determinadas lesões
pré-existentes interferirem ou
induzirem incapacidade de o animal
desempenhar no futuro (próximo) a
função pretendida. Note-se no entanto
que o MV não tem uma bola de cristal
para prever o futuro do animal;
qualquer expectativa de garantias sobre
saúde ou performance será irrealista e
injustamente tira o valor ao exame no
acto de compra.
É raro encontrar um cavalo “perfeito”;
por outro lado, a definição de
perfeição, varia de indivíduo para
indivíduo, pelo que o que poderá
parecer “perfeito” para uns não o será
para outros. De igual modo, um cavalo
não precisa de ser “perfeito” para ser
aprovado pelo MV no exame de
compra. Desde que as taras e lesões
identificadas não sejam consideradas
prováveis de afectar o cavalo para
desempenhar a função pretendida, a
compra deve ser recomendada.
Não se deve esperar que o MV “passe”
ou “reprove” o cavalo, se bem que na
prática possa parecer que seja isto o
que acontece. O valor do exame
veterinário no acto de compra reside
em informar o comprador sobre os
dados clínicos identificados no cavalo
e principalmente na explicação do seu
significado. Deste modo pretende-se
que a decisão final seja feita pelo
comprador após este ter tomado
conhecimento do grau de risco
envolvido na compra. HC

Como Desbastar um Cavalo

Em termos de picadeiro, desbastar um cavalo significa fazê lo perder a sua rudeza inicial, suavizar lhe os movimentos e fazê lo aceitar o peso do homem nos três andamentos.
Nada nesta definição evoca um combate entre o cavaleiro e o cavalo, nem a anulação das reacções do segundo pelo primeiro.
Infelizmente é o que sucede frequentemente, seja por incompetência, seja pela recusa em considerar o estado psíquico de um animal jovem retirado do seu meio, arrancado ao seu grupo familiar, em pleno stress, portanto...
Muitos elementos e criaturas actuam em relação uns aos outros, desempenhando um papel complementar que os torna interdependentes a ponto de a sua própria existência não poder ser considerada isoladamente: o musgo e o seu suporte mineral; a flor e a sua colaboradora, a abelha; a pulga e o “seu” mamífero; o tubarão e o seu peixe piloto; tal não sucede com o homem e o cavalo, cujo encontro e “colaboração” data de menos de 5 000 anos.
Nos ecossistemas naturais, os minerais alimentam os vegetais, eles próprios indispensáveis aos herbívoros, que alimentam, por sua vez, os carnívoros, que se tornaram na presa dos decompositores: bactérias e fungos.
Se, nesta cadeia, o homem se colocasse depois do cavalo, seria apenas como consumidor, antes de se tornar, ele próprio, presa dos carnívoros e dos decompositores.
Não há nada na lei natural que indique que o cavalo deva servir de meio de transporte. A domesticação surge apenas em 4 000 a.C. e mais como um incidente que revela uma nova fonte alimentar “cativa”.
Se a ordem da criação parece consistir em que a erva alimente o herbívoro e este o omnívoro, não está determinado que o cavalo tenha sido concebido pelo Criador para ser o veículo do homem.
O recíproco também é verdadeiro. O homem, tal como o cavalo, não se encontra funcionalmente organizado para a equitação. Para nos apercebermos disso, é necessário comparar os reflexos espontâneos de um principiante em equitação aos daquele que se inicia num novo desporto. A coordenação dos gestos do corredor, do lançador, do nadador e do lutador é, desde o início, espontânea, natural e relativamente rápida. A educação apenas aperfeiçoará o gesto natural.


PRIMEIRO CONTACTO

O homem não instruído sobre o cavalo não preparado: este último vai reagir por um distanciamento, fuga e movimentos susceptíveis de o libertar de um domínio que o assusta. O organismo reage por uma reacção motora prevista para o proteger de um perigo e de uma situação para a qual não está “programado”.
Por sua vez, o homem a cavalo, agindo em plena consciência, vai contudo comportar se da pior maneira, em termos dos seus próprios interesses. O instinto de conservação que, por exemplo, numa luta com adversário no chão ou para sair de um elemento líquido, induziria gestos de salvaguarda apropriados e eficazes vai, nesta situação anti natural, reagir de forma irracional e inadaptada: apertando violentamente as pernas contra os flancos do cavalo, pendurando se nas rédeas, inclinando o corpo para a frente em direcção à cabeça do cavalo, o qual não terá outra preocupação senão a de se livrar deste corpo estranho.
Alonguei me bastante sobre o aspecto artificial do homem a cavalo, obviamente, não para o condenar, mas para que seja abordado com uma mentalidade diferente, porque esclarecida.
Vamos agora ver o conjunto dos meios que ajudarão à compreensão recíproca e permitirão atenuar as actividades reflexas negativas, graças à adaptação e ao crescimento, os quais permitirão um controlo do que os neurologistas denominam centros nervosos superiores.
A sua notável plasticidade funcional permite alterar as suas condições de movimento, criando ligações com os centros de reflexos inatos. A esta forma de aprendizagem chama se condicionamento.
Julgo ser este preâmbulo útil. O destino do homem levou o à conquista do meio, dos elementos, dos seres, sendo a conquista do cavalo uma das primeiras.
Que o cavaleiro se conceda este pequeno momento de reflexão, antes de se apoiar pesadamente sobre este frágil e maravilhoso companheiro.


QUE CAVALO ESCOLHER:

A escolha do cavalo é uma primeira prova da experiência e competência do seu proprietário. Um bom cavalo não é necessariamente produto de uma origem célebre, financeiramente inacessível. É necessário detectar as suas características antes de estas se tornarem evidentes, aos três anos, o que permite a sua aquisição a preços razoáveis.
Desbastei, montei e ensinei cavalos de todas as raças conhecidas, sendo metade lusitanos e espanhóis e a outra metade indo dos puro sangue ingleses aos Lipizzaners, passando pelos holandeses, suecos, alemães, russos, árabes, anglo árabes, franceses, quase todos machos inteiros e algumas, raras, éguas.
É quase um lugar comum dizer que é entre os cavalos de puro sangue ibérico que encontrei os animais mais aptos mental e fisicamente ao exercício da arte equestre. A sua generosidade, a sua agilidade e o seu equilíbrio tornam nos nos stradivarius da equitação de alto nível.
Acrescentarei a estes um cavalo de origem antiga, o Trakehner, que, quando é bom, também é um instrumento de arte.
Ensinei cerca de trinta cavalos lusitanos e desbastei mais de cem, dos quais, durante dez anos, todos os machos do meu amigo Roger Bouzin. Como os puro sangue espanhóis, são, por vezes, de início, um pouco mais nervosos que os seus congéneres dos outros grupos. Isto deve se certamente ao facto de alguns serem provenientes de criações que praticavam a semi liberdade e, por vezes, também por terem recebido um tratamento um pouco rude quando deram entrada na cavalariça.
Em contrapartida, nunca encontrei um caso de renitência caracterizada num cavalo lusitano puro. Alguns ficam toda a vida muito enérgicos e necessitam de cavaleiros hábeis; outros, uma vez confiantes, revelam se um pouco moles, mas nunca renitentes.
A sua verdadeira docilidade era bem ilustrada pelo nosso muito saudoso amigo Fernando Sommer d’Andrade que me dizia: “os cavalos do norte da Europa, quando lhes fazes isto (e simulava um gesto brutal com o braço), eles fazem te isto (e simulava um valente coice). Os nossos cavalos, quando lhes fazes isto (gesto com o braço), eles fazem isto (e protegia a cabeça com o braço).
É uma demonstração clara, com o humor desse grande conhecedor que era o Fernando.


FAZER SE ACEITAR:

O contacto com a mão, com a almofaça, a sensação da guia, a pressão da cilha não estão, por natureza, programados nos cavalos. Vamos, então, ter de os obrigar a aceitá los.
O período anterior ao escarranchamento será mais prolongado se tiver sido negligenciado na criação.
Não se pode prever o que vai acontecer quando a sobrecilha e, depois, a sela o cintarem e quando, a tudo isto, se acrescentar o peso do cavaleiro. Alguns animais que chegam muito ariscos não farão nada, outros, mais dóceis, darão pinotes durante uma semana...
Em resumo, o cavalo jovem entra em stress principalmente por três motivos:

1 ) aproximação e movimentos desajeitados do homem;
2 ) sensação de agressão que lhe causa, no início, a cilha quando se mexe;
3 ) ruídos, objectos e alterações inesperadas do ambiente.

Para tudo isto, o cavalo pode ser facilmente preparado.


COM QUE IDADE:

Aos três anos e meio, o cavalo começa a ter força suficiente para suportar um peso moderado e maturidade mental suficiente para aprender. É inútil esperar mais pois o carácter e a rigidez muscular afirmar sesão por volta dos 4 ou 5 anos.
Tudo o que se passar em redor do poldro e com ele marcará, indelevelmente, a sua memória e o seu comportamento, pois nunca esquecerá o gesto que lhe fez mal. Anos depois, manifestará ainda inquietação ou pânico.
Repito que a atitude do cavalo antes de ser montado não permite prever as suas reacções relativamente ao cavaleiro.
Tive dois poldros inteiros, um sueco e um anglo francês, muito ariscos tanto em relação aos cuidados como com a guia. O primeiro mordia com toda a força o chicote de picador e, se tivesse podido, também me teria mordido a mim; o segundo não admitia o menor movimento sem deixar o círculo, beiços arreganhados, anteriores ameaçadores. Postos na ordem por alguns “contra ataques” sem brutalidade, comportaram se muito calmamente depois de selados e montados. Conheci o inverso, isto é, alguns dias de reacções furiosas ao aparelhamento e montado, após um comportamento prévio descontraído.


A GUIA:
O trabalho com a guia vai ser a primeira disciplina, o primeiro traçado geométrico com o círculo que vai estar na base de toda a instrução do potro.
Vamos começar a controlar a cadência dos seus andamentos, a torná lo mais maleável, a codificar as ajudas, a impor regras e a canalizar a impulsão.
Determinaremos as primeiras variações de andamentos, não só sobre os círculos mas também sobre as linhas direitas, acompanhando o ao longo das pistas.
Fixar se á a guia num cabresto ou num pequeno cabeção bem ajustado. Se, por razões correctivas, se pensar numa maneira específica de pôr as rédeas, esperar se á que ele ande perfeitamente nos três andamentos.
Por último, e sem qualquer excepção: jamais se ligará a guia a uma embocadura, qualquer que ela seja.
À mão direita, coloca se o chicote de picador debaixo do braço esquerdo e acompanha se o cavalo calmamente à volta do picadeiro e em círculos, ficando se à altura do seu ombro esquerdo. Invertem se as ajudas e muda se de mão.
Se o poldro se detém, movimenta se o chicote de picador que está debaixo do braço, com a ponta para trás, na direcção da garupa, recuando o ombro na direcção desta.
No início, pede se a um ajudante para se colocar atrás de quem segura a guia e para o apoiar, evitando a paragem e as voltas para trás. Começaremos, então, as ordens vocais.

M. HENRIQUET


Desbaste do Cavalo (2ª parte)
14/05/2005
(continuação)

A GUIA :

É aconselhável descrever círculos sucessivos, deslocando-se ao longo da linha mediana (A C) do picadeiro, para permitir que o cavalo caminhe direito sobre a pista, quatro ou cinco metros entre cada círculo.

Para mudar de mão, passar o chicote de picador por trás das costas colocando-o, provisoriamente, com a ponta para trás e debaixo do braço. Chamar o cavalo a si, recompensá-lo fazendo o parar com os ombros direccionados para a outra mão e conduzi-lo, abrindo os braços e ajudando-o com o chicote de picador.

Entre dois círculos, quem segura a guia pode alongar o passo sobre a linha do meio, dar bastante guia e acompanhar o cavalo à pista, para, aí, executar os primeiros alongamentos de passo e de trote. Se o cavalo diminuir o círculo, alargue o apontando o chicote de picador e enviando a ponta do chicote na direcção da espádua, ao mesmo tempo que faz ondular a guia.

Os cavalos que se desequilibram no galope são vítimas de abusos de tracção de guia e de chicote de picador. A força centrífuga fá-los perder o equilíbrio e obriga-os a mudar de pé.

Após algumas semanas, pode-se reduzir o diâmetro de 15 para 12, 10, 8 e 6 metros e voltar a alargá-lo de 6 para 15 metros.

Para abrandar, vibrar sobre o cabeção; para parar, vibrar mais secamente e dar ordens vocais adaptadas a cada atitude.

É de salientar que o desbaste de um poldro é interdito a quem ignora o uso da guia.

Para trabalhar à guia, assim como para executar os primeiros passos montados, é necessário materializar bem as instalações.

Se o picadeiro ou a carrière forem demasiado grandes e o poldro um pouco agitado, criar um espaço limitado, circular ou quadrado, ou fechar a extremidade do picadeiro com algumas barras.

Seguidamente, dar a conhecer as instalações, acompanhando-o em todos os locais em que deverá passar montado, segurando-o a 20 cm do cabeção, acompanhado pelo ajudante, com o chicote de picador na mão, à altura da garupa do cavalo. Falar-lhe, fazê-lo parar, acariciá-lo, voltar a andar, trotar por diagonais, etc...

A seguir, colocar-se no meio do círculo, segurando a guia e o ajudante, à cabeça do cavalo, condu-lo, umas vezes pelo círculo, outras a direito pela pista, umas vezes a passo, outras a trote curto.

Nunca nos devemos pôr à frente do cavalo pois corre se o risco de ele dar meia volta ou recuar.

Quando tudo isto se começar a processar calmamente, é altura de lhe passar uma sobrecilha simples.

O ajudante apresenta-o, pela direita, ao longeur que o recebe e o bloqueia à esquerda, para que ele não se vire. Um segundo ajudante segura provisoriamente na guia que tornará a dar ao responsável, afastando-se em seguida.

Por vezes, é neste momento que o poldro, sentindo-se apertado, se afasta aos pinotes. Quem segura a guia coloca o no círculo, acalmando-o ou encaminhando-o para a frente, cercando-o suavemente com o chicote de picador, se lhe parecer que o poldro se vai recusar a andar ou empinar-se.


A SELA E A EMBOCADURA:

Após uma boa descontracção para cada mão, chama-se o cavalo e retira-se-lhe a focinheira para permitir a mastigação.

O ajudante nº 1 coloca-se do lado oposto ao do montar e o ajudante nº 2 mostra a sela ao poldro para que ele a possa cheirar. Ambos afagam o corpo do cavalo e esfregam-no com a sela.

Se o cavalo se lançar para a frente, deixa-se de mexer a sela e põe-se-lhe o cabeção. Se recuar, acompanha- se o cavalo e dão-se-lhe guloseimas. É necessário criar um ambiente de calma e confiança, neste momento crucial que é pôr a sela.

O ajudante nº 2 apresenta-a na vertical do garrote, baixa-a e coloca-a da frente para trás, enquanto o ajudante nº 1 recolhe a cilha, passando-a por baixo da barriga ao ajudante nº 2 que a aperta moderadamente, mas o suficiente para que a sela não deslize.

Enquanto isso, quem segura a guia permite que o cavalo coma, afastando-se depois de a cilha estar posta, para deixar o poldro avançar, o que ele fará, por vezes curvando o dorso com alguns pinotes.

Em seguida, colocam-se as rédeas no cabeção. Será necessário esperar uma semana para lhe pôr um bridão por baixo do cabeção, no início sem rédeas, para que ele se habitue à presença deste corpo estranho na boca.

O cavalo encontra-se, agora, aparelhado, andando com a guia para cada mão. Muda-se o cavalo de mão quatro ou seis vezes, voltando ao passo uma vez antes e uma vez depois de cada mudança de mão. É necessário evitar que pare bruscamente à frente do homem da guia. Tais paragens transformar-se-iam em defesas com recuar precipitado.

É impossível controlar um cavalo que não esteja perpendicular à guia.


CONTROLAR O MOVIMENTO:

Para evitar os pinotes e os empinos, deve-se empurrar o cavalo para a frente. Para limitar as precipitações violentas, é preciso habituá-lo a obedecer às ordens vocais e a parar mediante vibrações ou pequenos golpes secos. Esta situação deve estar resolvida antes de o cavalo ser montado. Efectivamente, o cavalo anda em torno de um eixo do qual quem segura a guia é o pivot. Se este o quiser fazer parar em plena velocidade, a partir do centro do círculo, o ajudante correrá o risco de ser ejectado para o exterior do círculo, devido à força centrífuga aliada à derrapagem do cavalo.



MONTAR:
O ritual é o mesmo que para colocar a sela. Quem segura a guia segura o cavalo e dá lhe algumas guloseimas. O ajudante, do lado oposto, compensa, sobre o loro do estribo, a pressão do ajudante do lado de montar o qual, após ter esticado o loro do estribo e exercido pressões sucessivas, sem tocar na barriga do cavalo, içará a barriga sobre a sela, ficando o busto e os braços do lado oposto à apeadeira e os estribos libertos.
Em seguida, deslizará suavemente para o chão, repetindo tudo até que o cavalo se mantenha completamente calmo.

Nesta posição, um pouco estranha mas sem perigo, continuará a afagá-lo nos ombros, no flanco e na garupa.
Se o poldro avançar muito bruscamente, havendo o risco de fugir, deverá, imediatamente, deixar-se escorregar para o chão.

Com o ajudante nesta posição desconfortável, o poldro vai efectuar os primeiros passos montado, primeiro a passo à volta do picadeiro, depois a trote curto.

Após duas ou três lições como esta e depois de uma hora de guia, vai-se poder escarranchar o potro.


MONTAR
Bem enquadrado por quem segura a guia, que o recompensa com aveia ou açúcar, o cavalo vai deixar-se montar sem problema.

Uma correia em torno do pescoço do cavalo permitirá ao ajudante segurar-se, em caso de necessidade. As rédeas são sempre fixadas no cabeção. Espera-se cerca de dez dias até as pôr sobre o bridão.

Deve sentar-se com suavidade, evitando tocar na garupa com a perna direita. Se o cavalo parar subitamente de mastigar, tenha cuidado e observe-lhe os olhos.

Caminhando à volta da pista, o ajudante a cavalo segura as crinas ou a correia com uma mão e com a outra as rédeas do cabeção.O homem da guia segura-a a 20 cm e o 2º ajudante acompanha o ao nível das ancas obrigando o cavalo a fazer grandes círculos a passo e linhas direitas, mudanças de mão, depois primeira partida a trote curto, primeiro sobre as linhas direitas e depois em círculos.

Quem segura a guia fica no meio do círculo e o ajudante substitui -o à cabeça do cavalo. Nos primeiros dias, o segundo ajudante, a pé, mantém o cavalo no movimento, com o chicote de picador na direcção da cauda, colocando se entre o primeiro ajudante e o homem da guia, atrás da guia. Assim que o cavalo trotar, o primeiro ajudante retira-se e, se tudo correr bem, o segundo também.

O ajudante a cavalo assegurará, o mais depressa possível, a impulsão através da perna e da chibata.
O papel de quem segura a guia vai diminuindo de importância, até ser apenas um assistente de impulsão, de segurança e de conselheiro do ajudante a cavalo.

Deve começar-se a ensinar os ajudantes sem nunca opor as mãos às pernas nem à chibata.

Nunca tocar na garupa nem na coxa, pois isso incita o cavalo a escoicear.


CAVALO E CAVALEIRO EM LIBERDADE:Quando o poldro caminha nos três andamentos à guia, pára e volta a andar, de acordo com as indicações do ajudante, o quem segura a guia acompanha-o na pista andando a direito, fazendo os ângulos e os círculos.

Em seguida, sem guia, o responsável pelo desbaste acompanha sempre o par cavalo/cavaleiro ajudando-o com tacto em todas as evoluções. Nunca uma imperícia da sua parte o deverá perturbar ou fazer dar meia volta.
Vai, então, ser possível fixar um segundo par de rédeas sobre o bridão.

O cavaleiro vai continuar a utilizar as mesmas ajudas vocais que o homem da guia: paragens, partidas, passo, trote, galope, abrandamento, alongamento, etc... Tudo pode ser dito ao cavalo e isso limita as contracções devidas a ajudas demasiado físicas. O cavaleiro deverá utilizar ajudas mais fracas, isto é, gestos discretos, mãos baixas de cada um dos lados do garrote, virar-se mais com as ancas e os ombros do que com a mão interior, nos ângulos e nos círculos, imobilizar a sua perna interior.

É nesta fase que os cavalos, continuamente magoados na boca por mãos altas e instáveis, começam a dar «cabeçadas» e a incurvar o dorso.

É preciso estar atento à rectitude do corpo do poldro relativamente à pista e à sua correcta flexão nos ângulos e nos círculos.


M. HENRIQUET


O Desbaste do Cavalo (3ª parte)
14/05/2005
(continuação)

Neste momento, podemos considerar que o cavalo já está desbastado. Assim sendo, poderemos dizer que está montado?

Certamente que não, pois esta expressão indica que o cavalo atingiu uma idade e um nível de preparação que o tornam adequado para o fim a que se destina, o que vai além do desbaste e implica uma correcção já obtida no ajuste e no acordo com o cavaleiro.

Para o cavalo destinado ao ensino, este é o estádio da encurvação fácil, das linhas rectas longe dos muros e das primeiras mobilizações laterais. Para o cavalo de obstáculos, é o momento em que, com guia, terá de transpor as primeiras barreiras, a passo e a trote, saltar em pé firme, depois, montado, a trote e a galope, por cima de pequenos obstáculos. O cavalo de exterior terá um comportamento calmo em terreno variado.


REACTIVIDADE, RECTITUDE E CURVATURA

Neste estádio, é necessário conceder especial atenção à franqueza do movimento e à rectitude, isto é, a uma certa tensão do dorso do poldro sobre si próprio e à sua correcta flexão nas curvas.

É necessário estar muito atento à franqueza das partidas, à precisão das paragens e à maneira como decorrem os andamentos.

Não cair numa equitação apagada e lânguida, em nome das ajudas reduzidas, nem numa sub-impulsão crónica, em nome da docilidade.

Se o mestre dirige o trabalho do cavalo com o auxílio de um ajudante, cabe-lhe a ele comandar as variações de andamentos encurtados e alongados e as extensões após um círculo, indicar e ajudar nas mudanças de direcção voltando ao passo e recompensar.

Com cavalos normais, as primeiras saídas do picadeiro podem ocorrer por volta da quinta semana, primeiro no picadeiro e depois no exterior, quando já reagem normalmente aos motivos de surpresa.

É necessário ser acompanhado por um cavalo calmo? Alguns cavalos jovens reagem com maior nervosismo em presença de outro cavalo do que sós, outros sentem-se apaziguados pela presença de um congénere...


O NASCIMENTO DA IMPULSÃOVeja o poldro evoluir livremente, observe a qualidade da sua locomoção e diga a si próprio que o seu talento nunca lhe permitirá ir muito além dos seus melhores movimentos.

O seu sucesso consistirá em obtê-los a pedido, sofisticá-los e regularizá-los.


No início, quando montado, ainda que por um cavaleiro hábil, o cavalo perderá a atitude brilhante que tinha quando se movia livre e só. A facilidade com que, em liberdade, alterava a direcção e o equilíbrio desapareceu.


QUE FAZER PARA RECUPERAR A FRESCURA PERDIDA?
Esquecer-se de si adaptando-se a ele.

Adoptar uma posição que se aproxime do centro de gravidade. No poldro, para a frente, com firmeza e agilidade nos ombros, sempre pronto a aliviar-lhe o dorso, apoiando o peso nos estribos.


OS ANDAMENTOSCaminhar direito, controlando a perna interior e a rédea exterior para que o cavalo não abandone a pista. A rédea interior limita, impedindo, em seguida, a curva exterior.

Tenha, desde o início, uma vara ou uma longa chibata na mão, não para bater mas para tocar no cavalo se este não acompanhar. Contente-se, primeiro, em arredondá-los nos ângulos (um ângulo corresponde a um quarto de volta de 6m), baixando, sem puxar, a rédea interior, compensando na rédea exterior e imobilizando a perna interior. O mesmo se aplica aos círculos.

A passo, procure a energia e a amplitude das passadas, deixando o pescoço livre.

A paragem direita pede-se através da voz e da ponta dos dedos que logo se soltam. Não esquecer de soltar também as pernas.

Passar da paragem ao passo e do passo ao trote, mediante a utilização da voz, a tensão dos lombares e a flexão dos joelhos. Se necessário, tocar com a chibata atrás da perna (nunca na garupa).

Mãos baixas, posadas de cada lado do pescoço, para limitar os movimentos intempestivos.

Para definir o contacto, o Mestre Oliveira dizia «é uma questão de gramas e não de quilos».


CANALIZAR O CAVALO NAS AJUDASA referência é sempre o muro ou os limites do picadeiro. É em relação a estes que se controla a rectitude do cavalo. É necessário evitar que cole os ombros ao muro (o que coloca as ancas para dentro), com os pulsos para dentro e mantendo a perna interior junto à cilha. Evitar também que o apoio da rédea exterior inverta a curva. Este defeito é corrigido através do círculo. O critério de rectitude é a passagem dos posteriores na pista dos anteriores.

O trote levantado, ligeiramente sobre os ombros, permite ao poldro utilizar melhor a força propulsora da sua mão traseira.

O galope não deve ser procurado logo nas primeiras semanas. Deixemos o cavalo tomá-lo por alegria, acompanhando-o com a postura sem o forçar. Seguidamente, leva-se o cavalo do círculo ao trote, no momento em que chega à pista, com o ombro exterior limitado pelo muro.

Cuidado para não agravar os efeitos da força centrífuga ao agarrar-se com a perna e a mão interior nos círculos. Pelo contrário, compensar fechando a perna exterior e levando a rédea exterior em direcção ao pescoço.

No início, limitar-se a uma ou duas voltas, a galope, em cada mão. Em seguida, preocupar-se com a regularidade e com a cadência, reguladas pelo compromisso entre a postura e a anteversão da bacia com a imobilidade dos ombros.

Os cavalos, como nós, têm uma “mão” de preferência, uma curva, um virar no qual se
sentem mais à vontade. Sob o cavaleiro, tal provoca desvios do corpo em relação ao eixo de marcha.

A normalização desses fenómenos, que não se devem necessariamente à malícia do cavalo, é da competência do instrutor e da equitação de alto nível.

Este serão de fácil resolução através de alguns exercícios fáceis no trabalho a pé e algumas indicações sobre a flexão simples na totalidade do trabalho montado. Tal deveria ser objecto de uma outra explanação.

Vimos, neste estudo, o caso de um cavalo de temperamento vivo ou violento, criado sem familiaridade com o homem.

Já me aconteceu selar e dar a aula da apeadeira no primeiro dia, de montar com guia no segundo e em liberdade no quarto.

Também já me aconteceu, apesar de todas as precauções tomadas, ter ainda dificuldade em tirar o chapéu sem ser apanhado de surpresa, após vários meses...

Consagrar, durante cinco semanas, uma hora por dia a esta iniciação e executar 15 minutos de trabalho a pé, antes de montar, representa menos de 50 horas consagradas à educação daquele com que deveríamos partilhar dez ou quinze anos de felicidade.

É um lugar-comum dizer-se que os cavalos não esquecem nada, do melhor ao pior.

Se consegui mostrar-vos o que um pouco de saber, psicologia e amizade podem fazer, em termos de confiança, a este maravilhoso parceiro, o objectivo foi atingido.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

a sela 4

Daqui a sensilvemente 2 semanas vou ter o meu exame de sela 4. O exame de sela 4 consiste em 3 provas:
- PROVA DE ENSINO, é uma P3 (prova de dressage oreliminar) com 16 exercicios, o conjunto (cavaleiro, cavalo) sera avaliado seguindo o seguintes parametros:
-Andamentos(amplitude e regularidade)
-Impulsão (desejo de avançar, elasticidade das passadas, souplesse do dorso)
-Submissão (atenção, confiança, harmonia, facilidade e ligeireza dos movimentos e aceitação da embocadura)
-Cavaleiro (posoção e assento, correcção e efeito das ajudas)
-Apresentação do conjunto (cavalo e cavaleiro)
- PROVA DE OBSTACULOS, tem entre 8 e 11 obstaculos e sera avaliado alem dos toques, borregos, etc, sera avaliado tambem a postura do cavaleiro, posição anter (montar sobre os estribos) e a atenção do cavaleiro para as passadas de galope do cavalo (ver se ta a galopar para a mao certa).
- PROVA TEORICA, consiste num teste sobre o cavalo.